segunda-feira, 14 de março de 2011

Coitado dos Cigarros!


por Marcos Hiller

Nesse post vou levantar um ponto bastante polêmico. Por que tanta proibição contra a indústria tabagista? De anos para cá, em virtude de medidas legais, marcas de cigarros não podem mais se comunicar com o mercado. As únicas coisas que eles podem fazer para se comunicar com o seu público é: por meio das embalagens (que são belíssimas, na minha opinião), de merchandising (promoção no ponto de venda) e por meio de marketing direto, sim marketing direto. Quer receber mala direta de sua marca favorita? O processo é simples: entre no site de Marlboro, fale que você quer receber malas diretas deles, depois disso você deve mandar pelo correio um termo com seu RG anexo dizendo que você aceita receber malas diretas. Simples, não?

A questão central que levanto perpassa por uma bela de uma discussão ética da propaganda: por que apenas as coitadas das marcas de cigarro não podem fazer propaganda? A resposta mais lógica é: por que cigarro mata. Pois bem. E o álcool da cerveja não mata e destrói famílias também? É pode comunicar à vontade. Se eu não me engano a AMBEV deve ser o maior anunciante do país. Eles colocam Beto Barbosa dançando Adocica, a Devassa coloca a “devassa” Sandy agora em seus comerciais, e por aí vai. E outros vários exemplos que martelam nossas cabeças todos os dias: deu duro, tome um Dreher, ou o vinho Salton todas as noites na taça no Ronnie Von, e até mesmo a verdinha Heineken na Champions League.

McDonald’s pode se comunicar à vontade. E McDonald’s gera obesidade, e mata. Coca-Cola pode se comunicar à vontade, e gera obesidade também, e mata. Cartão de Crédito chega a cobrar 14% de juros ao mês, e pode comunicar à vontade. E por que apenas os coitados dos cigarros são massacrados por legislações? Coitados dos criativos das agências de propaganda que devem se virar nos trinta para ‘driblar’ a legislação e criar formas de conectar ao seu publico alvo.

Indústria automobilística pode fazer propaganda à vontade. E acidentes de carro matam mais que cigarro no mundo. Esse critério é, no mínimo, esquisito. E apesar de tudo isso, eles ainda são fortes: no último ranking da Millward Brown, a marca Marlboro aparece entre as 10 mais valiosas do mundo.

Não estou fazendo apologia ao fumo. Fumar é cafona. E dentre as centenas de substâncias que contém o cigarro, até pólvora você encontra. Eu apenas acho que claramente a indústria tabagista é um belo de bode expiatório. E eu não sou fumante.

2 comentários:

  1. Algumas propagandas de cigarros são tão boas que tornaram-se históricas. Lendo o post lembrei das campanhas da Hollywood (O Sucesso!), que eram ótimas: o mar, as pessoas jovens e saudáveis praticando windsurf e as músicas, uma mais incrível que a outra. Mas por melhor que sejam não se pode negar que não há qualquer benefício no produto em si. Entendo seus argumentos quanto a todos os demais produtos, mas o fato é que nenhum deles (inclusive a cerveja) tem impacto negativo direto à saúde quanto o cigarro. Os produtos citados podem causar problemas de saúde, financeiros e sociais, quando seu consumo é descontrolado, quando o indivíduo não encontra limites. No caso do cigarro não há benefícios. Desde o momento em que se acende o cigarro até o descarte da bituca, que é feita em vias públicas na maior parte das vezes há malefícios ao consumidor, aos indivíduos que estão próximos e ao meio ambiente. Acredito no talento de nossos publicitários para explorar os espaços permitidos por lei. Ainda assim lamentei a extinção de eventos como o Free Jazz Festival na época. Eram realmente bons!

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  2. Hiller, como faço pra pedir essa mala-direta da Marlboro? Tem um link aí? Eu não fumo, mas seria interessante receber para saber como funciona.

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