domingo, 29 de dezembro de 2013

Anderson Silva: o novo "Ronaldo Fenômeno"?

Por @MarcosHiller

Apesar da derrota e da séria lesão, Anderson Silva iniciou nessa madrugada uma chance única de reescrita de história de superação, vis-à-vis o que aconteceu com Ronaldo Fenômeno: ele foi o melhor do mundo, sofreu também uma lesão igualmente impressionante, se recuperou e o final da história já sabemos - dois gols da final da Copa de 2002 e a passagem vitoriosa pelo Corinthians. Cabe a Dana White, Ronaldo, Anderson, Nike, Nine, Patrocinadores, Globo, UFC, etc saberem pilotar cirurgicamente essa história para que tenha o mesmo final feliz. Estamos de olho...




segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Facebook nosso de cada dia...

por @MarcosHiller
 
Cada um desenvolve (consciente ou inconscientemente) uma estratégia de uso e de apropriação desse site azul aqui chamado Facebook. Uns publicam muito, outros publicam pouco. Uns narram obscenidades e detalhes sórdidos do dia-a-dia, já outro...s postam quase nada sobre a própria vida. Uns tiram o dia inteiro pra ficar sentando o cacete na Dilma, outros defendem perspectivas políticas contrárias. Uns usam isso aqui como um verdadeiro show do eu, outros usam como muro de lamentações. Uns dão check-in no Ráscal. Já na rodoviária do Tietê, dar check-in: nem pensar. Uns bancam o 'pseudo-intelectualóide' e escrevem merda o dia todo aqui, outros escrevem coisas lúcidas e inteligentes (no meu ponto de vista). E TUDO ISSO regido por um negócio chamado algoritmo.

Quem está certo e quem está errado nesse palco aqui? Quem usa bem e que usa mal o Facebook? São perguntas que, pra mim, não nos cabe achar respostas. Penso que devemos simplesmente ficar conectados com outros usuários que temos interesse em comum e que postam coisas legais. Se a postura de alguém te incomoda aqui, é simples: pare de seguir aquela pessoas, fanpage, etc. Por semana, eu oculto os posts de uns 10 "amigos". Faça isso também! Certamente, o mundo será menos aborrecido.

MUITO, MAS MUITO CUIDADO MESMO com os futurologistas de plantão para as famosas previsões do MUNDO DIGITAL para 2014


por @MarcosHiller
 
Eu que sou super contrário aos futurologistas e gurus de plantão. Está bombando no meu Facebook, nesses dias, milhões de textos e artigos de supostos pseudo-gurus da cena digital com milhões de previsões sobre 2014 . . . e as pessoas destilando regras, tendências, estimativas, etc, etc, etc acho que eles usam bola de cristal . . . e o pior: todo mundo lendo, acreditando, lendo, comentando, etc . . . fico muito preocupado com isso. Na verdade, eu abomino esse tipo de atitude pelos simples fato de que eu me preocupo em entender e refletir sobre o PRESENTE e já me dá tanta dificuldade entender a complexidade do que está acontecendo HOJE . . . e eu vou perder meu tempo fazendo previsões e futurologismos???? Nem pensar, rs! Dá muito trabalho mesmo tentar entender as lógicas do mundo digital hoje e pra analisar o que está acontecendo e cair em argumentos simplistas, pra mim, é a coisa mais fácil . . .  como sou do mundo acadêmico, o que faço é usar a LUPA de autores (tem muuuuuuuito gente BOA hoje em dia mundo afora debruçada em tentar entender essa inquieta cena digital) e eu seguro na mão desses caras . . . gente de tudo que é área do conhecimento, antropólogos, sociólogos, filósofos, etc, etc (principalmente área de ciências sociais . . . elas que me trazem mais lucidez hoje para olhar esse mundão).

O que eu analiso HOJE e o que mais me faz pensar é . . .
 

1.     Redes Sociais são um caminho sem volta, vieram para ficar . . . o que vejo acontecer com elas hoje?? talvez a intensificação de um processo de segmentação e beeeeem cauda longa . . . algumas redes bem focadas e especificas como PINTEREST, FANCY, LINKEDIN, etc, etc . . . devem se expandir bem!!!! Já redes muito MAINSTREAM, como Facebook, vejo uma leve preguica nas pessoas em usar e algumas pessoas saindo ou parando de usar.

2.       esse lado muuuuuuito capitalista do Facebook vejo que incomoda alguns usuários de fanpage . . . . vejo um mimimi generalizado, onde o algoritmo ceifa o alcance dos posts e “força” as pessoas a pagarem . . . mas no fundo até entendo e compreendo essa lógica . . . quer falar com mais pessoas????? Simples: pague!!!! Tao simples quanto isso!!! Por outro lado, o algoritmo do Mark Zuckerberg FORÇA as pessoas a pedalarem e criarem conteúdo realmente relevante para seus usuários, senão o usuário mesmo te pune (não te olhando, não tem curtindo, não parando seu post com o dedo, não dando double click com o dedo) e teu reach despenca!!!!! Acho que isso num médio e longo prazo, vai expurgar quem não sabe usar!!! Google Vai na mesma linha há tempos . . . ou vc faz anúncios relevantes ou eu te castigo te cobrando mais caro pelo clique. I LIKE THIS!!!!!!!!!!!!

3.       Instagram acho que merece um olhar mais focado nosso também . . . está indo pra mesma linha de monetização do Facebook . . . por razões óbvias. Vamos ficar de olho!!!

4.       vivemos hoje a era das subjetividades e dos amor regido por lógicas de custo-beneficio, gameficação, rankings, etc, etc, etc vis-à-vis aplicativos como Lulu, Tinder, etc . . . esse Tinder mesmo me deixou meio chocado . . . usei um pouco e não entendi exatamente o que era aquilo . . . se é um mal estar da sociedade contemporânea ou um “cardápio” online . . . sei la . . . rs

5.       Não é porque coordeno um MBA na área digital, mas vejo muuuuuuita gente fraca deitando e rolando nas redes, acho que falta muito CAPACITAÇÃO pra entrar nesse mundo digital de forma efetiva . . . e tem que estudar mesmo, pra valer . . . não colocar apenas o snorkell, mas sim o tubo de oxigênio e ir a fundo nos debates e no entendimento do mundo digital . . . mas isso dá trabalho, ne? Então já viu, rs!

6.       por mim, gosto sempre de frisar um termo que não utilizo e não concordo quem use . . . temos uma REVOLUÇÃO DIGITAL hoje!!!!!!!!!!!!! Esse termo revolução tá na boca de todo mundo hoje e eu não acredito nisso . . . revolução industrial ok! Revolução francesa SIM!!! Mas revolução digital tecnológicas???????????? Oi? Não creio nisso e não vejo nenhum revolução!!! Vejo sim TRANSFORMACOES e bem contundentes acontecendo nos mais diversos âmbitos da vida contemporânea.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Em 2014, busque um propósito para sua marca!


por @MarcosHiller
 
Quando for montar suas resoluções de ano novo, além de escrever aqueles tópicos um tanto quanto clichês, e que, às vezes (ou quase sempre) não conseguimos cumprir, desta vez coloque que você irá se esforçar para buscar um propósito para sua marca, seja qual ela for. Construir posicionamento de marca, ou seja, definir qual espaço que você pretende ocupar na mente de seus consumidores torna-se uma das tarefas mais vitais e mais difíceis hoje em dia. O uso de promessas de marca como o sabão em pó que lava mais branco, ou o cartão de crédito que dá mais milhas, ou então a loja que vende mais barato, são argumentos com benefícios estritamente funcionais, facilmente copiáveis e que não param mais em pé hoje em dia.
Skol com seu ‘desce redondo’ é, pra mim, a marca mais bem posicionada do Brasil hoje. Há anos, Skol tem a mesma agência e uma cirúrgica consistência de discurso de marca. Além de outras marcas que se reinventaram e se reposicionaram de forma sublime como Hyundai, Samsung, Heineken, Hering, Havaianas, Adidas. Todas essas marcas ocupavam um espaço X na nossa mente anos atrás e hoje ocupam outro espaço e de forma muito clara e consistente. Outras marcas não têm a mesma astúcia e virtudes como essas citadas linhas acima e ficam tentando construir marca sem benefícios únicos de marca. Pior que isso, a impressão que fica é que não pensam em construção de marca, mas em campanhas publicitárias ou premiações ou views no YouTube. Uma que tem me chamado muito a atenção ultimamente é a Zurich Seguros, que está no ar com uma campanha engraçadinha protagonizada por um sujeito usando um terno (sem cinto) num tom de azul esquisito, ou seja, totalmente descolado dos padrões culturais de moda a que estamos habituados. A minha aposta é: além dela não evidenciar elementos únicos de marca, essa campanha destoa demais de todas as anteriores campanhas da marca. Na verdade, dessa forma, ela constrói marca sim, mas para a líder de categoria, que é azul também. Sim, pra mim, a Zurich gasta milhões com mídia e faz propaganda de graça para a Porto Seguro. Sem falar de outras marcas, que incineram orçamentos de marketing, e pensam em campanhas, e não em construção de marca, como Nissan, Schin e tantas outras.
Nesse sentido, gostaria de trazer nesse meu despretensioso texto, uma luz no fim do túnel. Anos atrás, a Coca-Cola publicou um Guia de Posicionamento de Marca, que eu tenho utilizado tanto academicamente como nos projetos de consultoria de branding que participo.
 
1.            O primeiro passo no processo de construção de posicionamento é a definição de target, ou seja, quem é seu público-alvo? Homens, Mulheres, Idosos, Crianças, etc. No entanto, esse conceito de target, amplamente debatido tanto na literatura como no mercado, está ficando desatualizado ultimamente. Eu diria que está meio cafona. Por exemplo, um target como homens, classe AB+ entre 18 e 25 anos, é muito amplo e construído apenas em cima de atributos demográficos. Um homem de 18 pensa de um jeito, já outro de 25 anos pensa de um jeito completamente diferente. Então como sofisticar esse conceito de target? O que algumas consultorias, como a Touch Branding, e a Unilever (que é uma verdadeira escola de marcas) têm utilizado, ao invés de target, é o conceito de “extreme consumers” ou “consumidores extremos”. Esse conceito diz respeito não apenas a focar seus esforços de marca em um mero público-alvo, mas naquele tipo de consumidor que sua marca e sua categoria para ele são mais que uma marca qualquer. Esse tipo de consumidor, literalmente não vive sem sua marca. No segmento de Omo, certamente conhecemos essas mulheres. São aquelas que ficam muito felizes quando deixam super branca a camisa do maridão. E foi pegando na pulsação dessa ‘extreme consumer’ que Omo detectou que sujeira não era um fator que a marca deveria combater (como fazia há 50 anos) mas sim que a sujeira era uma aliada da marca. E foi assim que nasceu o belíssimo posicionamento “Omo, porque se sujar faz bem”.
2.            O segundo passo seria o entendimento profundo do chamado “frame of reference” ou traduzindo literalmente, seria a moldura de referência. Podemos entender isso com um entendimento do mercado. Para se construir marca em um dado mercado, devemos estudar profundamente esse mercado. Devemos conhecer tudo desse mercado, mergulhar de cabeça no segmento e nessa indústria que desejamos nos aventurar. Sabe todas aquelas dezenas de ferramentas que aprendemos nas aulas de marketing estratégico? A famosa Análise SWOT, Ciclo de Vida de Produto, Matriz BCG, as 5 forças de Porter, grudar post-its na parede (isso está na moda hoje), etc, etc, etc. Devemos não simplesmente entender tudo desse mercado, mas devemos ir para o mercado. Vá para a rua! Não se constrói posicionamentos competitivos de marca navegando no Google e com o refrescante ar-condicionado na cabeça. Tem que ir pra rua, sentir o mercado, conversar com consumidores com o olhar de um pesquisador, sentir a pulsação deles, ir pra fábrica, conhecer seus fornecedores. Ano passado participei de um projeto de consultoria de branding de uma grande indústria que fabrica forro de teto de PVC. Convenhamos, um segmento nada sexy, mas, oras, fomos pra dentro da fábrica de forro entender as nuances dessa indústria, onde saímos tossindo e com pó branco no rosto. Almoçamos com o motorista do dono da empresa. Descendo fundo no entendimento. Tiramos o snorkell e colocamos o tubo de oxigênio. Segui o exemplo do folclórico David Ogilvy que, quando conquistou a conta da marca Dove, levou para a fábrica de sabão todos os executivos charmosíssima Madison Avenue em New York. E foi na ida à fábrica que ele escutou de um dos operários o famoso “o único com 1/4 de creme hidratante” e todos nós lembramos de Dove por conta disso. Quer construir marca? Tem que pedalar!
3.            O terceiro passo, e não menos importante, é a definição do que a Coca-Cola chama de “point of difference” ou ponto de diferença ou diferencial competitivo, ou seja, qual o benefício único de sua marca? O que é aquilo que só a sua marca tem e que mais ninguém tem e que, de preferência, seja difícil de ser copiado? Caso você não tenho um benefício, eu sinto muito. Além de você não conseguir construir marca, você construirá nada na mente de seu comprador potencial, e fatalmente você cairá na famosa guerra de preço, e suas margens cada vez mais estranguladas. A sua falibilidade é uma questão de tempo. Eu sinto muito. Mas você precisa encontrar esse diferencial. Geralmente não é uma coisa facilmente encontrada. Precisa de abstração pra se detectar esse point of difference. Se você não tem, crie um. Quando trabalhei na área de cartões do Santander, tínhamos lá nosso Cartão Santander Platinum. E nosso posicionamento de marca era: o único que dá 10 mil milhas na primeira transação. Um bom point of difference, mas facilmente copiável e meramente funcional. Isso não pára mais em pé. Meu amigo Erik Galardi, da Touch Branding, conta que, certa vez, foi construir marca para uma amiga que tinha uma doceria. Era uma doceria muito gostosa, mas como qualquer outra e, dessa forma, sem um diferencial evidente. Semanas depois, quando foi provar os doces e colocou um certo pudim na boca, percebeu que não era simplesmente um pudim, mas sim era o mais gostoso pudim do sistema solar inteiro. A proposta dele foi que a dona abdicasse de vender todos os demais doces e vendesse apenas pudim. Após uma certa resistência, ela comprou a ideia. Acesse depois http://www.formadepudim.com.br e veja o resto da história.
 
Cumpridas essas 3 etapas. Chega a hora de você contratar uma agência e um belíssimo redator publicitário que tentará traduzir isso tudo em um frase, um slogan, que deverá dizer qual é esse seu propósito de marca, qual o papel de sua marca na vida das pessoas. Nessa linha de se buscar não apenas um frase bonita, mas algo que tenha um verdadeiro significado, gostaria de destacar a Vivo, por exemplo, com aquele rapazinho ruivo bem feinho, nos diz hoje que “conectados vivemos melhor”. Rexona diz que “não te abandona”. E a marca que é top of mind entre as top of minds, Omo, no diz que: porque se sujar faz bem. Um propósito de marca que nasceu no Brasil, e hoje no resto do mundo inteiro, Omo se comunica com seus consumidores da mesma forma. Cabe ao dono da empresa e principal embaixador da marca, que esse posicionamento seja não apenas estampado nas paredes e nos elevadores, mas sim cumprido em todos os pontos de contato, desde a forma como uma recepcionista atende o telefone e até na forma como tratamos nossos fornecedores.
O Facebook está, de certa forma, com seu algoritmo afinado diariamente, forçando as marcas a buscarem esse propósito nos seus posts da fanpage. Se a marca fica postando coisas aleatórias o dia inteiro, com uma frequência exagerada e sem uma estratégias clara por trás, o Facebook pune essa marca reduzindo seu alcance. Pense que você representa um marca e tivesse que fazer apenas 1 post por ano sobre sua marca na sua fanpage, o que você colocaria no seu mural para seus fãs? Certamente esse teu único post seria bem mais criterioso e estaria mais alinhado com seu propósito de marca. Pense nisso antes de montar seu planejamento de posts no Facebook. Publique cada vez menos, mas seja relevante. Produza conteúdos que estejam simbioticamente alinhados com o seu posicionamento de marca. Seus seguidores vão curtir, e o algoritmo do Facebook também. Eu aposto.
 
 

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

19/NOV | Os Brand Thinkers conversam com Rapha Vasconcellos (VP Criativo do Facebook para a América Latina)



Os Brand Thinkers são um grupo de debate fundado por @MarcosHiller sobre o estudo da MARCA, esse ativo intangível e com riqueza de significado.



Nessa complexa cena digital, as marcas ganham uma relevância cada vez mais maior, na medida em que buscam construir jogos discursivos sedutores e narrativas envolventes para conquistar o chamado consumidor-fã . E dentro dessa arena online que nós e nossas marcas habitamos, o Facebook ganha um protagonismo cada vez mais importante. Construir uma presença relevante, consistente e efetiva nesse ambientes virtuais é um desafio atípico pois é preciso não apenas estar presente na rede, mas de uma forma adequada e com uma estratégia consistente. O Facebook é uma plataforma fundamental para o processo de Branding? É possível construir marca no Facebook? O que fazer e o que não fazer com nossa marca no Facebook? Por que destinar cada vez mais nossas verbas para o site de Mark Zuckerberg?



Venha discutir essas e outras perguntas conosco. O último encontro dos BRAND THINKERS nesse ano de 2013 traz para debater conosco: Rapha Vasconcellos, VP Criativo do Facebook para América Latina.





RAPHA VASCONCELLOS

Atua com projetos interativos desde 1998 e ingressou na Agência Click em 2000, onde ficou até 2012 como VP e Diretor-Executivo de Criação. Hoje é o responsável pela área de soluções criativas do Facebook para a América Latina.





 

MARCOS HILLER  (mediador)

Fundador dos Brand Thinkers. Autor do livro BRANDING: a arte de construir marcas. E nos próximos meses, lança seu novo livro ONDIVÍDUOS: marcas, consumo e cena digital. Hiller é pesquisador e palestrante nas áreas de Branding, Redes Sociais e Cibercultura. 






Evento Gratuito e Vagas limitadas!



INSCREVA-SE  >>> mande um email com seus dados (NOME, EMPRESA, CARGO) para o email hiller78@yahoo.com.br e aguarde a confirmação.





DATA: dia 19 de novembro - terça feira - às 20hs30

LOCAL:  Arena da Escola São Paulo - Rua Augusta, 2074 – Jardins (metrô Consolação) - São Paulo/SP

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

TINDER: você ainda vai baixar esse aplicativo!



por @MarcosHiller

Como um palco das mais diversas manifestações midiáticas contemporâneas, o mundo digital tem se apresentado como um ambiente tecnológico que abarca múltiplas facetas de uso e significados culturais. E em meio a uma potente repercussão de conteúdos e de holofotes apontados às supostas celebridades que surgem a cada dia nesses espaços comunicacionais, a Internet é, sobretudo, um ambiente aberto para o nascimento de novos atores e novas plataformas, especialmente por conta do advento de tecnologias móveis que nos concede a possibilidade de estar “always on”. Fenômenos como esses nos comprovam que essa mobilidade virtual não apenas se potencializou e se diversificou com o advento da internet e mídias móveis, como também adquiriram novos significados e fez surgir novas habilidades humanas para fazer uma entidade abstrata fluir eletronicamente. 

Na cena digital vigente, o aplicativo Tinder ganha uma relevância que nos inquieta aqui nessa reflexão. O conceito do aplicativo faz com quem pessoas se comuniquem e se conheçam por meio de imagens. O Tinder é fundamentalmente uma rede social digital móvel concebida em torno da fotografia e da geolocalização. Os usuários publicam até 5 fotos de si mesmo no seu respectivo perfil e, a partir daí, elas ficam disponíveis para demais usuários do aplicativo. Você brifa por meio de características demográficas qual o seu desejo: conhecer homens ou mulheres? De qual idade? E em que raio de distância? Feito isso, surgem na tela do nosso smartphone uma espécie de “cardápio” com fotos de outros usuários. É possível visualizar as fotos da pessoa, a distância que ela está de você, além dos amigos e interesses em comum que ele busca no nosso Facebook (com a nossa autorização prévia, logicamente). Feito isso, vai aparecendo em sua tela uma imensidão de rostos em que você vai clicando em LIKE ou DON’T LIKE. Caso você curta determinada pessoa, e ela também curta você, pronto! O Tinder dá a opção de que se abra um chat entre os dois usuários. E a partir daí tudo pode acontecer. Mais que isso, vemos que essas ferramentas tornam possíveis uma comunicação em tempo real, criando um sentimento de simultaneidade e de imediatismo que transcende as barreiras de tempo e espaço. 

Nota-se como essa nova dinâmica midiática acelera as mudanças ocasionadas pela mobilidade virtual e uma enorme influência das tecnologias móveis na vida cotidiana. O Tinder, uma criação concebida puramente para o universo mobile, nos evidencia que a mobilidade virtual não apenas se potencializou e se diversificou, com também adquiriu novos significados a partir do momento em que se vê a habilidade humana para fazer uma entidade abstrata, a informação, fluir eletronicamente. Nas entrelinhas das (quase sempre) narcísicas e insinuantes fotos publicadas no Tinder, evidencia-se uma retórica norteada por um sentimento de “estou à disposição” ou até mesmo uma suposta busca de um “amor a lá carte”. O sucesso desse tipo de iniciativa pode ser compreendido dentro do contexto cultural brasileiro, onde o corpo humano se apresenta como um verdadeiro capital físico, simbólico, econômico e social. A partir da argumentação de autora israelense Eva Illouz, que escreveu em 2007 o livro “Amor em Tempos de Capitalismo”, pode-se claramente compreender a recente valorização desta perspectiva como sintoma de uma cultura que elege rituais para evitar a solidão a qualquer custo. Dessa forma, diversas estratégias de comportamento se tornam passíveis de monetização, instrumentalização e promoção pessoal, entre eles a empatia, a pré-disposição e o bem-querer implícitos às nossas amizades e namoros.

Norteada por uma lógica de otimizar, nossa sociedade passa a se perguntar como a intimidade, a amizade e o amor podem ser socialmente distribuídas e alocadas em prol de benefícios fundamentalmente tangíveis. Afinal, estarmos com alguém pode nos benquistos e fomenta a ampliação de nossas redes sociais, e consequentemente, dos recursos que podemos acessar a partir delas. Mais que isso, o Tinder nos evidencia que a comunicação interpessoal e as relações passam a ser geridas por meio da lógica do custo-benefício. Afinal, vivemos na época do capitalismo afetivo, no qual os cálculos de custo-benefício norteados pelos discursos clássicos de marketing e branding passam a vigorar também no âmbito pessoal. E nesse regime de visibilidade hipertrofiada, a boa forma física assume importância chave como capital simbólico pessoal. A vinculação dos bens culturais e midiáticos às identidades no Tinder é muito comum. Em boa parte das fotos, nota-se fotos dos usuários em em cenas de viagens para o exterior, ou estampando marcas de moda. Esse processo endossa o entendimento das práticas de consumo na contemporaneidade como práticas de construção identitárias cotidianas, que se dão tanto no âmbito material quanto simbolicamente. Nesse sentido, vale lembrar que o consumo moderno define-se pela proeminência de atributos simbólicos dos produtos em detrimento de suas qualidades estritamente funcionais e pela manipulação desses atributos na composição de estilos de vida. O Tinder nos mostra que estamos inseridos em um universo do hiperconsumo que traz uma multidão de benefícios, bem estar material, melhor saúde, informação e comunicação, e isso contribui para tornar possível uma maior autonomia dos indivíduos em suas ações cotidianas. Afinal, as atividades mais elementares da vida cotidiana tornam-se problemas e causadoras de interrogações perpétuas, como os romances e nossos relacionamentos. Paralelo a essas constatações, deve-se atentar aqui que ao criar um perfil em um site de rede social digital, sobretudo em sites que privilegiam elementos imagéticos, como o Tinder, as pessoas passam a responder a atuar como se esse perfil fosse uma extensão sua, uma presença daquilo que constitui sua identidade. Esses perfis passam a ser como estandartes que representam as pessoas que os mantêm. 

A busca do indivíduo de destacar-se no ciberespaço como uma prerrogativa de auto-afirmação diante dos outros é uma apropriação, na web, de características culturais já atrelada ao capitalismo afetivo e a uma sociedade hipermoderna cada vez mais urgente. Nota-se relações sociais cada vez mais complexas, baseadas em uma competição por ser mais notado, mais seguido e principalmente de conquistar uma tão almejada visibilidade, reputação ou até mesmo uma alma-gêmea (ou um “match”, como sugere o Tinder). Em rede, cada usuário desenvolve uma maneira de uso e de apropriação das redes que lhe é próprio. Cada um decide o que ver, consumir ou com quem quer conviver. Hábitos e usos funcionam como pistas das silhuetas subjetivas de cada usuário. Nesse sentido, percebe-se novas formas de se apresentar na cena midiática e construir potências simbólicas de corpos. As redes sociais digitais, sobretudo o Tinder, encorajaram as pessoas a mostrarem identidades discursivas. E com isso desenvolve-se uma compreensão mais rica de seus papéis nesse ecossistema digital difuso, perturbador, inquieto e complexo. Baixe o aplicativo e boa sorte!

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Quer entender o consumo? Estude a CULTURA.



por @MarcosHiller

Só no Brasil fogão tem tampa. No sul do Brasil, uma parcela da população come pizza com maionese. No Rio de Janeiro se tem o hábito de colocar catchup na pizza. Peça catchup numa pizzaria tradicional da cidade de São Paulo para você ver a olhada de repressão que o garçom te dará. Em algumas regiões do Nordeste se têm o costume de comer catchup no meio do feijão com arroz. Só no Brasil, alguns carros modelo SUV, como a EcoSport por exemplo, possuem aquele pneu do step afixado na traseira do veículo à mostra para os demais motoristas da rua verem e, geralmente, envolvidos com capas estilizadas ou até personalizadas. Só no Brasil máquina de lavar tem a abertura na parte superior e, geralmente com tampa de vidro, para a dona de casa brasileira poder ver a roupa revirando pra lá e pra cá e limpando e lavando. Há quem diga que uma parcela de pessoas que usam dentadura no estado de Sergipe tem o costume de colocar aparelho dentário na dentadura, justamente para que o fato de possuir aparelho tente negar a existência de uma prótese dentária. No Brasil a cor do luto é o preto e no Japão a cor do luto é o branco (vi isso outro dia numa cena de funeral em um dos filmes do Bruce Lee).
Todos esses fatos, por mais esquisitos e, até mesmo pitorescos que possam parecer, se dão fortemente por conta de um elemento chamado: cultura. Estudar marketing, comunicação, branding e práticas do consumo em geral, nos requer cada vez mais na contemporaneidade que compreendamos a cultura do consumidor. E o que é a cultura? Nada mais é do que esse acervo de conhecimentos que modela e modula boa parte das relações entre as pessoas. Cultura é aquele elemento central formado por uma mistura de questões sociais, econômicas, políticas de um determinado grupo. E na cultura onde encontramos as respostas mais profundas para desafios e dilemas do processo de marketing hoje em dia. Ferramentas mercadológicas, teoremas de Paretto, cinco forças de Porter, teorias de estratégia competitiva, os exaustivos quatro “pês” de marketing, entre outros modelos são fundamentais para entender os processos de marketing e consumo em dia? Acho que sim. Mas quer compreender um pouco mais a fundo as verdadeiras motivações, desejos e comportamentos das pessoas? Vá estudar a cultura. Tire o snorkell e coloque o tubo de oxigênio. E nada melhor do que se ancorar em outras áreas do conhecimento.
Vamos com outro exemplo! Recentemente um amigo que trabalha na área de pesquisa de mercado da Kibon/Unilever me disse que fizeram algumas seções de pesquisa, por meio da técnica de grupo focal (ou focus group, como habitualmente se fala no mercado), com grupos de crianças para se detectar novas cores de picolé que a Kibon deveria lançar no Brasil. E após as discussões com a criançada, quais foram as cores preferidas? Rosa? Laranja? Vermelho? Verde? Amarelo? Azul? Quem respondeu alguma dessas, errou. A cor favorita da molecada foi o preto. Sim, um picolé de cor preta. Absolutamente imprevisível e inusitado. E se lançarmos um picolé preto seria um tremendo sucesso? Eu não apostaria nisso. E justamente por isso que esse negócio chamado pesquisa é tão fascinante. Mas por que o preto? Confesso que não sei a razão exata. Precisaria se aprofundar um pouco mais para encontrar respostas críveis. Mas acredito que a razão do porquê o preto foi a cor vencedora não esteja no marketing, mas sim na antropologia, na sociologia, na psicologia, na semiótica. No chamado Neuromarketing talvez? Eu acho que também não. Aliás, não quero soar como uma percepção leviana, mas eu acho que misturar Marketing com Medicina é forçar um pouco a barra. Pra mim, mergulhar nas ciências sociais e ler autores como Nestor Garcia Canclini, Jesus Martín Barbero, Gilles Lipovetsky, Gisela Castro, Rose de Melo Rocha e Maria Aparecida Baccega tem me dado respostas bastante lúcidas para todos esses dilemas e complexidades das relações entre pessoas e marcas. Aliás, estudar mais a fundo do porquê o preto foi a cor favorita das crianças na pesquisa, talvez nos traga evidências porque a meninas piram hoje em dia nessas bonecas vestidas de vampiras e monstros. Isso particularmente me inquieta.
Muito de minha visão nesse despretensioso texto é fruto de um curso de mestrado que estou para concluir hoje na ESPM/SP na área de comunicação e práticas do consumo. Estudamos o consumo não como consumismo, não como uma mera relação de troca entre bens e valores monetários. Discutimos o consumo não à luz de teorias clássicas de comportamento do consumidor, como a de Abraham Maslow e tantos outros. Pensamos o consumo como uma apropriação social, sinérgica e simbólica. Consumir hoje em dia é estar na sociedade. Consumir é se inscrever em algo. Consumimos o tempo todo, desde um maço de cigarros que compramos na esquina, até mesmo uma lata de Coca-Cola que seguramos na mão ou até mesmo uma telenovela que assistimos. Consumimos sempre. Negar o consumo é negar que vivemos em sociedade.
Ah, por que diabos só no Brasil fogão tem tampa? Oras, por conta de uma questão cultural. Mais que isso: para a dona de casa brasileira, e só para a brasileira, por mais que a cozinha não esteja com aquele brilho impecável, o ato sígnico de se abaixar uma tampa de fogão significa: “Pronto! Missão cumprida! Posso curtir minha novela e meu maridão”.